segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Genética

Confiar em quem nos quer bem não é errado. Faz-nos sentir amados mas a desilusão que possa advir dessa/s pessoa/s destrói.
Então temos de começar do zero. Voltar a confiar noutras pessoas ou nas mesmas pessoas. Ou então viver em isolamento numa espiral de narcisismo ou depressão. Porque não somos capazes de nos bastar a nós próprios.
Depois existe a variável Deus.
Quem assimilou essa variável - vamos chamá-la D - usa-a em tudo como um gene da cadeia de ADN. Mas novamente entra o factor pessoas e colocamos esse factor junto com o gene D. O que resulta muito bem! Especialmente quando a variável D é vista como o gene primordial e o factor p (pessoas) tal qual aquilo que é: um factor externo ao ADN.
Mas como não se consegue ver um gene a olho nu, o factor p torna-se importante como referência para o entendimento desse gene D que faz parte da nossa natureza. Confia-se então em todos quanto têm o gene D como se se tratasse do próprio gene a falar connosco. E vive-se numa relação dualista: gene D + factor p. O que é normal. Tal qual uma criança cuja única referência são os pais e familiares que cuidam dela até começar a pensar mais veementemente por si própria. Normal já não é quando o factor p começa a ser mais importante e a destacar-se em relação ao gene D. Porque cresce-se ensinado que são iguais ou familiares em génese, devendo-se escutar e respeitar e obedecer, porque (claro está) estamos em crescimento. Então o nosso estudo interior/individual do gene D é comprometido e ao invés de o escrutinarmos, estamos a viver uma teoria científica criada por factores p, que em nada é semelhante ao gene D.
Porque apesar do gene ser o mesmo, o resultado e a vivência, a percepção e a crença, são diferentes. E o gene ainda que único, igual a si próprio, age na construção do ser de maneira diferente. Tal como a busca de quem somos, qual o objectivo em termos nascido só ser encontrado e concretizado numa viagem individual de experiências pessoais, independentemente de se ter esse gene D assimilado, os factores p são intermediários que ajudam nesse percurso - numa boa ou má perspectiva - mas nunca serão a resposta. Porque existe um vazio no "eu" de cada um de nós.
Quando o factor p nos retira essa necessidade, passamos a deixar de ser "eu" para nós, um substituto onde um factor p se destaca e toma lugar - aos poucos - da nossa iniciativa, das nossas necessidades. E quando descobrimos o gene D, "a" variável do Universo e lentamente nos deixamos levar, por inocência e falta de experiências individuais nessa nova existência, para uma existência de manada dominada por factores externos, deixamos de existir. O acordar dessa realidade enclausurada é violento e perdemos o rumo e a confiança em nós mesmos. E o gene continua a não fazer parte do nosso adn.
O factor p é importante porque nos complementa enquanto factor p que somos também. Mas não é o gene D, que dá vida.

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